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Qual o melhor investimento para reserva de emergência?
Ter uma reserva de emergência é um dos primeiros passos para uma vida financeira segura.
Afinal, imprevistos acontecem: uma despesa médica inesperada, a perda do emprego ou mesmo um reparo urgente em casa.
Mas onde investir esse dinheiro para que ele esteja sempre acessível e protegido?
Neste artigo, vamos explicar o que é uma reserva de emergência, como calculá-la e, principalmente, quais são os melhores investimentos para garantir segurança e liquidez. Também falaremos sobre os investimentos que devem ser evitados para essa finalidade. Boa leitura!
O que é uma reserva de emergência e por que ela é essencial?
A reserva de emergência é um valor financeiro destinado exclusivamente para imprevistos, como perda de renda, problemas de saúde ou despesas inesperadas. Ter esse recurso disponível garante segurança e tranquilidade para enfrentar períodos de incerteza sem comprometer seu padrão de vida.
Diferente de um fundo para lazer, investimentos de longo prazo ou compras planejadas, a reserva de emergência funciona como um colchão financeiro que protege você de situações inesperadas e evita a necessidade de recorrer a empréstimos ou acumular dívidas.
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As três características fundamentais que um investimento para reserva de emergência deve ter, são:
- Liquidez: o dinheiro precisa estar disponível rapidamente, para resgate no mesmo dia;
- Segurança: o valor deve estar aplicado em opções com baixo risco, e deve ser o mínimo possível impactado pelos movimentos de mercado;
- Rentabilidade compatível: não se deve esperar altos rendimentos, mas é importante manter o dinheiro protegido e acessível, tendo um rendimento moderado e que não perca para a taxa de juros básica da economia, a Selic.
Como calcular a reserva de emergência?
O valor ideal de uma reserva de emergência varia de acordo com o estilo de vida e as necessidades individuais. A recomendação é que a reserva cubra de seis a doze meses das despesas fixas mensais.
No geral é necessário levar em consideração:
- Estabilidade da renda: profissionais autônomos ou empreendedores podem precisar de uma reserva maior do que assalariados com estabilidade;
- Dependentes financeiros: quanto mais pessoas dependem da sua renda, maior deve ser a reserva;
- Acesso a outras fontes de liquidez: se você já tem ativos de fácil resgate, talvez possa reduzir um pouco o valor da reserva.
Para determinar um valor absoluto, é essencial considerar sua realidade financeira e seu estilo de vida. Não existe um número fixo que funcione para todos, pois cada pessoa tem necessidades, desafios e objetivos diferentes.
Com o apoio de um consultor financeiro, você pode analisar seu momento atual, projetar mudanças futuras e entender como seu comportamento financeiro influencia sua necessidade de reserva. Esse olhar personalizado permite que você construa uma estratégia realmente eficaz, garantindo segurança para enfrentar imprevistos sem comprometer seus planos de longo prazo.
Preciso de reserva de emergência mesmo com patrimônio elevado?
Sim. O erro de muitas pessoas é acreditar que por ter um alto patrimônio não precisam de uma reserva porque têm investimentos.
No entanto, grande parte desse capital pode estar alocado em ativos de baixa liquidez, como imóveis, fundos de investimento ou ações que podem não ser vantajosas para venda em um momento de necessidade.
Quem tem um patrimônio elevado pode ajustar a liquidez da reserva de emergência, considerando sua estrutura financeira e diversificação de renda, mas nunca deve abrir mão de ter uma parcela acessível para imprevistos.
- Leia também: O que é planejamento sucessório?
Exemplos práticos do cálculo de reserva de emergência para diferentes perfis
O cálculo básico da reserva de emergência parte do valor que você precisa para manter seu padrão de vida por um período seguro. No entanto, essa conta pode variar dependendo do seu perfil financeiro e da forma como você administra suas despesas.
Em geral, o cálculo da reserva de emergência pode ser resumido nesta fórmula:
Reserva de emergência = Custo de vida mensal x período de segurança (em meses)
Para entender melhor, vamos comparar dois perfis distintos:
1) Quem tem renda estável e considera apenas as despesas fixas
Essa pessoa tem um salário previsível e despesas mensais bem definidas, como aluguel, contas básicas, alimentação e transporte. Para calcular a reserva de emergência, basta somar essas despesas essenciais e multiplicar pelo número de meses desejado. Esse modelo funciona bem para quem tem segurança no emprego e consegue manter um controle rígido dos gastos.
2) Quem tem renda variável e inclui também as despesas variáveis
Autônomos, empreendedores e profissionais liberais enfrentam meses de alta e baixa na renda. Para esses casos, considerar apenas as despesas fixas pode ser arriscado. Além dos custos básicos, é importante incluir gastos variáveis, como lazer, educação, manutenção da casa ou do carro e até oscilações no faturamento. Assim, a reserva se torna um colchão financeiro mais realista para períodos de incerteza.
Por que muitas pessoas negligenciam essa reserva?
Quanto mais controle achamos que temos sobre nosso dinheiro, maior a chance de subestimarmos a importância da reserva de emergência. Muitos acreditam que sempre conseguirão ajustar o orçamento quando necessário, mas imprevistos não avisam.
Por isso, ter um consultor financeiro pode te ajudar a entender qual modelo de cálculo faz mais sentido para você, considerando sua realidade atual e seus planos futuros.
Onde investir a reserva de emergência?
Os melhores investimentos são aqueles que garantem segurança e acesso imediato ao dinheiro.
Tesouro Selic
É um dos investimentos mais recomendados para a reserva de emergência, pois une segurança, liquidez e rentabilidade. Funciona como um empréstimo ao governo, que em troca paga juros ao investidor.
Suas principais vantagens são:
- Baixo risco: por ser um título público, ele tem a garantia do próprio governo, que o diferencia de outros investimentos de renda fixa que podem ter risco de crédito (como CDBs de bancos menores);
- Liquidez diária: pode ser resgatado a qualquer momento e o dinheiro cai na conta no dia útil seguinte (D+1). Isso significa que, em caso de emergência, você não precisa esperar muito tempo para ter acesso à sua reserva, diferente de alguns investimentos que só permitem resgates em datas específicas ou têm prazos longos de liquidação;
- Rentabilidade acima da poupança: o Tesouro Selic acompanha a taxa básica de juros da economia, sendo maior do que o rendimento da poupança. Além disso, diferente da poupança, que só rende a cada 30 dias, o Tesouro Selic tem rendimento diário. Ou seja, mesmo que o dinheiro fique investido por poucos dias, ele já começa a gerar retorno, enquanto na poupança um resgate antes do “aniversário” do depósito resulta em zero rendimento.
A única desvantagem é que, se o resgate for feito antes de 30 dias, há cobrança de IOF, além do imposto de renda regressivo sobre os rendimentos. No entanto, ainda assim continua sendo mais vantajoso que a poupança, por exemplo.
CDBs com liquidez diária
Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) com liquidez diária são outra boa opção para a reserva de emergência.
Os bancos de médio porte costumam oferecer taxas melhores, mas podem ter um risco ligeiramente maior. O investimento é garantido pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até R$ 250 mil por CPF e instituição.
Fique atento à segurança do banco emissor e à cobertura do FGC antes de investir. É preciso estar atento, pois em bancos menores os resultados podem ser mais instáveis, visto que, em caso de falência, o FGC demora alguns dias para pagar o seu dinheiro de volta, deixando você descoberto de liquidez. Por isso, bancos de médio porte não são recomendados para abrangerem a totalidade da sua reserva.
- Liquidez diária: resgate disponível em D+0 ou D+1, dependendo da instituição. No entanto, é necessário conferir se o título oferecido é, de fato, de liquidez diária, visto que a maioria dos CDB’s apresentam liquidez na data de vencimento;
- Rentabilidade: pode variar de 95% a 110% do CDI, sendo nesses casos mais vantajoso que a poupança.
Fundos DI de baixa taxa
Eles investem majoritariamente em títulos públicos e oferecem uma alternativa prática para reserva de emergência.
Uma das grandes vantagens é a facilidade de aplicar e resgatar os valores, com rentabilidade geralmente próxima ao CDI. A liquidez, no entanto, pode depender do horário do resgate, já que alguns fundos processam o saque apenas em D+1 ou D+2. Por isso, estes fundos podem compor sua reserva, mas não é recomendado utilizar apenas eles para compor a totalidade da reserva.
Conta remunerada de bancos digitais
Muitos bancos digitais oferecem contas remuneradas, que rendem automaticamente um percentual do CDI.
Pode ser interessante se a rentabilidade for acima de 100% do CDI e houver liquidez imediata. Mas atenção: algumas contas remuneradas limitam saques ou têm variações na rentabilidade ao longo do tempo.
Também é necessário saber se a sua conta rentabiliza diariamente o saldo. Alguns bancos passam a remunerar a conta corrente após 30 dias de dinheiro investido. Por isso, é importante checar se seguem a tríade da remuneração de reserva: liquidez, segurança e rentabilidade compatível.
A poupança vale a pena?
A poupança é considerada uma opção segura para uma reserva de emergência, mas ela não atende plenamente a todos os requisitos ideais. Embora seja uma alternativa de baixo risco e tenha a vantagem de fácil acesso ao dinheiro, o ponto mais crítico é sua rentabilidade.
Atualmente, a rentabilidade da poupança corresponde a 70% da Selic, mas essa regra pode variar dependendo da taxa básica de juros. Quando a Selic está abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança fica em 70% da Selic. Quando a Selic está acima de 8,5%, a rentabilidade sobe para 0,5% ao mês mais a variação da TR (Taxa Referencial), o que ainda é uma rentabilidade muito inferior a outras opções de investimento.
Por isso, apesar de ser uma alternativa, a poupança falha no quesito rentabilidade compatível, que é essencial para a construção de uma reserva de emergência eficiente.
Custos e impostos
É essencial considerar custos e impostos antes de escolher onde deixar sua reserva de emergência. Como recomendamos que o valor esteja aplicado em um investimento de renda fixa, ele irá seguir a tabela regressiva de IR e IOF, se houver resgate em menos de 30 dias, em caso de produtos não isentos:
- IOF: cobrado nos primeiros 30 dias sobre os rendimentos;
- IR: regressivo, variando de 22,5% (até 6 meses) a 15% (acima de 2 anos).
Comparação de investimentos
Investimento | Liquidez | Segurança | Rentabilidade |
---|---|---|---|
Tesouro Selic | Alta (D+0 ou D+1) | Muito alta | Levemente superior ao CDI |
CDB com liquidez diária | Alta (D+0 ou D+1) | Alta | Variável, depende do banco |
Fundos DI | Média (D+0 a D+2) | Média | Variável, próxima ao CDI |
Contas Remuneradas | Imediata | Média | Variável, depende do banco |
Poupança | Imediata | Alta | Baixa (70% da Selic atualmente) |
Por que alguns investimentos NÃO devem ser usados para reserva de emergência?
Nem todo investimento é adequado para formar reserva de emergência. O objetivo é ter dinheiro sempre acessível, com baixo risco e sem prejuízos em resgates inesperados.
Ações e fundos de ações
São ativos de renda variável, seus preços oscilam constantemente de acordo com economia, política e desempenho das empresas. Dessa forma, além da alta volatilidade, a liquidez de dois dias úteis também as tornam inadequadas para uma reserva de emergência.
Fundos imobiliários (FII’s)
São populares por gerarem renda passiva por meio da distribuição de aluguéis, mas não são apropriados para reserva de emergência pela liquidez limitada e oscilação de preços.
LCI, LCA e CDBs sem Liquidez Diária
LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e CDBs (Certificados de Depósito Bancário) com carência ou vencimento fixo não são recomendados para a reserva de emergência pela falta de liquidez. Os prazos para resgate são longos e há riscos de perdas em caso de saques antecipados.
Previdência privada
Seus planos são estruturados para o longo prazo e os resgates podem demorar. Além disso, em algumas modalidades, ainda há a incidência de taxas de carregamento e administração e impostos elevados em resgates antecipados. Isso torna a previdência uma opção menos vantajosa quando se precisa de liquidez imediata.
No entanto, a previdência privada pode ser uma excelente opção para planejamento sucessório, proporcionando uma forma eficiente de transferência de bens para herdeiros com vantagens fiscais.
- Leia também: Tributação na previdência privada
Como manter uma reserva de emergência eficiente?
- Revisar periodicamente: ajuste o valor da reserva conforme mudanças no seu custo de vida, para isso é necessário rever e acompanhar o seu orçamento mensal;
- Manter disciplina: use a reserva apenas para emergências reais;
- Diversificar: distribua o dinheiro entre diferentes opções seguras para reduzir riscos e otimizar a rentabilidade.
Como a Crescento pode ajudar
Definir a melhor estratégia para construir sua reserva de emergência exige conhecimento e planejamento.
Um consultor especializado pode ajudar a avaliar sua situação financeira, riscos e objetivos, personalizando uma estratégia para garantir que você tenha segurança e tranquilidade. Esse profissional te dá suporte na organização financeira, com a construção de um orçamento doméstico para calcular e chegar ao valor ideal para sua reserva.
Quer saber mais sobre como estruturar sua reserva de emergência de forma eficiente? Entre em contato com a Crescento e conheça a melhor solução para você.